Mestre Ricardo Sales
Banda de Congo Amores da Lua
Banda de Congo Amores da Lua
Mestre Ricardo Sales e a Orquestra Sinfônia do Espírito Santo
Ricardo Sales aos 21 anos era Capitão da Banda de Congo
Ricardo Sales é hoje Mestre de Congo
Mestre Ricardo Sales é filho, neto e bisneto dos mestres da Banda de Congo Amores da Lua. Porém, a história da sua família na comunidade começa ainda antes da fundação da banda, com D. Maria Rosa, importante parteira, benzedeira e capela de ladainha de Maruípe. Sua filha, D. Cecília Rosa, também benzedeira, parteira e capela de ladainha fundou a banda de congo com seu marido Alarico de Azevedo, em 1945. Seu avô, Mestre Reginaldo Sales, veio de Goiabeiras, e se casou com a filha dos fundadores, D. Maria de Lourdes. Seu pai, Mestre Rui Barbosa Sales, foi criado com os avós e aprendeu diretamente deles sobre o congo e os compromissos de um congueiro.
Ricardo Sales nasceu na Banda de Congo Amores da Lua em 1985 e aprendeu com seus avós e seus pais.
A primeira Puxada do Barco que acompanhou foi no colo, aos seis meses de idade, no ano seguinte, e até os cinco anos, acompanhou as crianças dentro do barco. Aos cinco, Ricardo passou a andar ao lado dos adultos e aprender a tocar os instrumentos. Seu aprendizado se deu de forma familiar, desde a mais tenra idade. A clarividência Ricardo herdou das avós, junto com os santos e as entidades. Com o avô e o pai aprendeu sobre o congo: o ritmo tradicional, os instrumentos, o comando pelo apito, a regência correta de uma banda de congo e os seus mistérios.
Adolescente, começou a assumir responsabilidades. Organizou uma cerimônia católica aos 12 anos, a Coroação de Nossa Senhora.
Ao fim do primeiro grau (antigo ensino fundamental), Ricardo saiu da escola para se dedicar ao congo, que se tornou a sua atividade principal. . Até então, a banda se apresentava com um uniforme padrão, com calças de brim e camisa branca com o nome da banda em letreiro e chapéu de palha. As mulheres usavam a mesma camisa, chapéu e saia de brim no joelho. Aqui começa a grande mudança que Ricardo fez na estrutura da banda. No ano 2.000, aos 15 anos, concebeu os uniformes das mulheres e dos homens. Aos poucos, conforme a necessidade do dia-a-dia permitia, a Banda de Congo Amores da Lua foi se transformando na disposição atual, dividida entre Rainha, Princesas e Dançarinas, conforme a concepção estética de Ricardo Sales. O jovem passou a ser o responsável pelo desenho e confecção dos vestidos e conjuntos, que são lavados e guardados por ele desde então. A indumentária elaborada da Banda de Congo Amores da Lua é uma das características marcantes de sua banda. Até hoje, ele é o responsável pela limpeza e manutenção dos vestidos, bijuterias, adereços e estandartes.
Pouco tempo depois, aos 21 anos, a avó, D. Maria de Lourdes, mandou costurar um uniforme branco para o neto apitar na Festa de São Benedito. A partir deste dia Ricardo se tornou Capitão e passou a comandar a banda junto com o avô, o pai e os tios. Em 2014, Ricardo tornou-se mestre de congo, aos 29 anos, ao lado de sua mãe, a Rainha D. Celeuza, e de seu pai, recém falecido Mestre Rui.
Em 2023, Mestre Ricardo Sales completou 23 anos de sua vida ocupando cargos de destaque e importância na Banda de Congo Amores da Lua, desde quando se tornou coordenador da Banda de Congo e começou a modificar os uniformes assumindo, a partir de então uma posição de destaque na banda. A partir de então a Banda de Congo Amores da Lua passou a ser conhecida pela riquesa de suas vestimentas, até hoje todas idealizadas, cuidadas e preservadas pelo mestre.
Tradicionalmente, a Banda de Congo Amores da Lua realiza os seus festejos de São Benedito na região da Grande Maruípe, fincando o Mastro no dia 25 de dezembro na Rua do Congo no alto do Bairro de Santa Marta. A Banda também participa das principais festas congueiras, religiosas, cívicas e culturais, como representante do congo do Espírito Santo. O congo do Espírito Santo é Patrimônio Imaterial Estadual desde 2014 e o processo de registro como Patrimônio Imaterial Nacional pelo Iphan está em andamento.
Festa de São Benedito de Aparecida do Norte
A Banda de Congo Amores da Lua
Na cidade de Vitória existem duas bandas tradicionais, a Banda Panela de Barro, de Goiabeiras, e a Banda de Congo Amores da Lua, do antigo bairro de Mulembá, hoje chamado de Santa Martha, na região da Grande Maruípe, ao nordeste da ilha de Vitória. A Banda de Congo Amores da Lua foi fundada em 30 de março de 1945, pelo Mestre Alarico de Azevedo e sua esposa, Dona Cecília Rosa Azevedo. Com a morte de Mestre Alarico, seu genro, Mestre Reginaldo Barbosa Salles, assume o comando da banda junto com sua esposa, Dona Maria de Lourdes de Azevedo Salles. No ano de 2012, Mestre Reginaldo Salles passa o comando da banda para seu filho, Mestre Rui Barbosa Sales, que, por aconselhamento médico, não pode assumir tal responsabilidade, delegando-a a seu filho, Mestre Ricardo Sales, então com apenas 28 anos. Ricardo se torna o mais jovem Mestre de Congo, regendo a Banda com o apoio de seu pai e sua mãe, a Rainha do Congo Dona Celeusa Alves Sales.
Ricardo Sales cresceu em meio às tradições congueiras e desde os primeiros passos, já participava dos cortejos de congo dentro do barco, junto a outras crianças. Aos 5 anos de idade, em 1990, começa a tocar tambor e casaca como conguista. Aos 15 anos, ano 2.000, torna-se coordenador da banda. Aos 21 anos torna-se capitão do congo, com a honra de apitar e reger a Banda durante os cortejos de São Benedito.
Ao assumir a função de coordenador, o jovem Ricardo inicia aquilo que chama de “grande mudança dos uniformes da Banda”, começa a desenhar roupas para as dançarinas, o vestido de rainha e os vestidos das princesas, e reproduz a faixa original da Rainha de Congo, cópia da que havia sido feita por sua bisavó e perdida. Ricardo desenha os estandartes com as figuras dos santos, que manda pintar em tecido, e ele mesmo se encarrega dos acabamentos. Logo depois, os homens passam também a ter uniforme, composto de calça, camisa e chapéu.
Do mesmo modo que cada banda de congo tem um modo próprio de tocar, com variações rítmicas; assim como há um modo próprio de se dançar o congo, variável de região para região; também a importância das vestimentas e dos adereços se modifica a cada banda. Para os Amores da Lua, o ritual de devoção inclui o vestir, as saias rodadas, e os adereços, representando o cuidado e respeito à festa do santo. A Banda Amores da Lua é formada por conguistas, homens e mulheres; uma Rainha do Congo; quatro Princesas do Congo, nascidas em famílias congueiras; e dançarinas.
Além das festas tradicionais do Congo, a Banda de Congo Amores da Lua se apresenta em festivais e festas públicas, tento já feito algumas viagens para fora do estado e mesmo para o exterior. Desde que assumiu o comando da Banda, o Mestre Ricardo busca se apresentar em escolas e universidades, entendendo que o congo precisa ser divulgado, a fim de manter viva a tradição e de lutar contra o preconceito que a vida urbana e moderna têm sobre a cultura tradicional e sobre as expressões religiosas não ortodoxas.
O registro mais antigo da Banda de Congo Amores da Lua com Mestre Alarico
e D. Cecília Rosa sentados.
Até oos 5 anos Ricardo (ao centro) se vestia de marinheiro para participar da Puxada dentro do Barco Corrente. Aprox.1988.
Após os 5 anos, Ricardo (com a camisa listrada) passa a participar da banda com os adultos. Rádio Espírito Santo. Aprox. 1990.
Aos poucos Ricardo criou os uniformes da Banda, substituindo a saia azul por vestidos de renda. São Pedro. Aprox. 2000.
A Banda Amores da Lua passa a ter Rainha, Princesa e dançarinas, além dos conguistas uniformizados. Vitória. Aprox. 2006
Mestre Ricardo, Mestre Rui e Rainha D. Celeuza. Vitória. 2013